O desenvolvimento do modo de produção capitalista – Parte 01. #Filosofia-Política

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Esse texto que vou publicar faz parte de uma série que estou terminando de escrever e publicarei diariamente até a última parte. Trata-se de uma breve fundamentação baseada em leituras de livros e anotações das aulas de Filosofia Política na universidade. No último texto colocarei todas as referências utilizadas.


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Quando falamos em democracia, logo imaginamos um sistema político-democrático. Existem hoje no mundo cerca de 200 países, 193 deles fazem parte da ONU e segundo a The Economist, 167 deles possuem um sistema político-democrático, a revista divide esses sistemas em um ranking de mais e menos democráticos, não explanarei sobre neste texto pois não é essa a minha finalidade.
 
Por mais que exista entre as pessoas envolvidas nestes sistemas uma sensação de democracia política, que realmente existe, vivemos sob um regime autocrático, disfarçado.
 
O regime autocrático a que me refiro é o econômico, entendam autocrático de forma literal, ou seja, existe poder ilimitado e absoluto na mão de uma pessoa ou de um grupo, no caso da autocracia econômica esse poder está concentrado nas mãos do grupo dos detentores do capital, e quando me refiro a esse grupo, me refiro a um grupo seleto de poucos participantes.
 
Segundo dados de uma pesquisa da OXFAM divulgada em Janeiro deste ano, 26 pessoas detém a concentração de capital equivalente a 3,8 bilhões das pessoas mais pobres do mundo, isso equivale a dizer que essas 26 pessoas possuem uma riqueza igual à 50% da população mais pobre do mundo.
 
Traduzindo isto em números concretos, segundo a OXFAM, a riqueza desse grupo em 2018 saltou 12%, para expressivos US$ 900 bilhões, ou seja, essas 26 pessoas juntas, no ano de 2018, ganharam nada menos do que uma bolada de US$ 2,5 bilhões por dia, enquanto a parcela mais pobre do mundo perdeu cerca de 11% de seus patrimônios.
 
E é exatamente esta “ditadura global do capital” dentro de democracias políticas que vem sendo base de muitos estudos em diversas áreas, muitas delas ligadas diretamente à política e outras ligadas à área social.
 
Talvez alguns leitores possam achar que isto se trata de teoria da conspiração, não é, a atual guerra econômica entre USA e China é um grande exemplo disso, Trump impondo maiores impostos para a entrada de produtos chineses em seu país, indiretamente, ele influencia indústrias estadunidenses a saírem daquele país, a ideia é que realmente isso aconteça causando uma instabilidade econômica e política no país asiático.
 
Outro exemplo, quem nunca ouviu ou leu alguma matéria do tipo: “a instabilidade política faz com que investidores retirem dinheiro do país para investir em outros mercados mais estáveis”, ou seja, investidores apenas injetam seu dinheiro onde sabem que vão ganhar e para isso, governos devem ceder às pressões dos investidores, muitas vezes retirando benefícios e direitos dos cidadãos mais pobres ou trabalhadores.
 
O problema de tudo isso é que, como não vivemos em uma democracia “de fato”, melhor dizendo, uma democracia plena (política e econômica), isso acaba gerando desencantamento em pequenos grupos da população em relação à democracia.
 
Esse desencantamento e principalmente as desigualdades sociais, acabam por gerar extremismos, sejam eles de esquerda ou direita, basta olharmos na história mundial. Alemanha pré-nazista era um país com graves problemas econômicos estruturais e desigualdades, da mesma forma, na Rússia, acabaram com a monarquia do Tzar para instaurar o comunismo.
 
Trazendo para os dias atuais, a crise mundial que a democracia vive, acontece pelo fato do sistema político-democrático não conseguir estabelecer uma democracia social, pois o poder político não consegue se sobrepor ao poder econômico.
 
Para entendermos essa violenta concentração de capital por parte de poucos e também entendermos essa violenta desigualdade social impregnada no mundo contemporâneo, torna-se necessário fazer uma análise histórica, política e filosófica do desenvolvimento do modo de produção capitalista desde a revolução industrial, no século XVIII, até os dias atuais.
 
Esta foi uma breve introdução, nos próximos textos trarei de forma detalhada esse desenvolvimento com suas respectivas bases teóricas.

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Boa, @demokratos! Também chamam de plutocracia, né? Democracia verdadeira é algo raro e só costuma acontecer onde há menos desigualdade social. Não lembro onde li que os fundadores dos Estados Unidos consideravam a democracia muito perigosa por dar poder demais à população e, por isso, criaram um sistema que leva só o nome de democracia, mas está longe disso. Obrigado por compartilhar ;)

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Então @casagrande, o nome como é chamada depende muito do autor e da forma como este aborda o tema, já li textos que o autor chama de plutocracia e outros que chamam de oligocracia.
Desconhecia essa história acerca dos fundadores do USA, mas esse é um fato que faz os políticos mundo afora tremerem, tanto que se verificarmos com frieza, atualmente vivemos em uma "tecnocracia", ou seja, a linguagem utilizada pelos meios detentores do poder é uma linguagem técnica e não mais popular como era décadas atrás, tudo isso visando um afastamento do povo do poder, se preferir, retirar o poder do povo.
Nos próximos textos abordarei melhor esse e outros conceitos, amanhã publico o próximo.

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Belo texto...mas, permita uma ressalva: O regime autocrático não somente fazem parte dele alguns privilegiados, que segundo escreves, seriam ricos empresários? A isso chamamos de "monopólios" e monopólio é a máquina propulsora do "capitalismo de compradre", patrocinada pelo estado (governo), sob a supervisão dos seus agentes (políticos).

O capitalismo de livre mercado, proposta pela Escola Austríaca de Economia, que acredito não lecionam sobre ela nas universidades, reza que tirando do estado o poder que ele tem na economia, esses monopólios estariam fadados ao fracasso. Pois, tirando o estado do jogo, acabando com o protecionismo a essas empresas "parceiras do governo", eliminando os impostos sob a produção e abrindo o mercado, as empresas nacionais seriam mais competitivas e consequentemente, essa "desigualdade" que muitos falam, seriam pouco a pouco eliminadas, pois, não teríamos mais as amarras que nos prendem a esse ciclo vicioso.

Aguardo os próximos escritos e parabéns.

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Esses empresários @jsantana, possuem uma influência direta no Estado sim, mas de forma nacional, meu erro nesse texto foi não ter deixado claro, como nos outros deixei, que se trata do desenvolvimento do capitalismo de forma global. Portanto por mais que algumas empresas influenciem os governos aqui no Brasil, raras vezes podem influenciar outros governos mundo afora, apenas aquele pequeno grupo de 26 pessoas que citei que possuem poder para isso, não sei se fui claro.
Nos próximos textos citarei levemente Mises, mas o foco será mesmo Smith, Keynes e Friedman.

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