Todo ser humano tem o direito básico de trabalhar pra sobreviver, seja lá onde o emprego esteja

Dizem que o tempo é o Senhor da razão. E depois que o tempo mostra quem tem razão, passamos a olhar para o passado com vergonha dos nossos erros. Ou pelo menos a maioria de nós.

Foi assim com a escravidão, racismo, intolerâncias religiosas, homofobia, e por aí vai. E como já nos “corrigimos” de um monte de coisas, temos a impressão de que hoje em dia não cometemos mais nenhum erro moral grave. Temos a impressão que já chegamos a uma maturidade moral tal que não teremos mais do que nos envergonhar no futuro.

Ledo engano. Hoje cometemos muitas imoralidades, muitas delas por ignorância, mas outras por pura maldade e insensibilidade mesmo. Afinal, pra quem tem interesses, racionalidade e moralidade viram quase um “luxo dos trouxas”.

E uma dessas imoralidades contemporâneas que saltam aos olhos é a questão das fronteiras nacionais que ainda teimam em existir. Pra que elas servem basicamente? Para deixar pessoas indesejadas do lado de fora. E o que faz uma pessoa ser indesejada? Há várias razões para isso, mas nenhuma delas faz qualquer sentido.

E o menor dos sentidos salta aos olhos quando pessoas querem se deslocar por pura necessidade de sobrevivência em busca de trabalho. Aí é que a desumanidade vira uma monstruosidade. As pessoas naturalmente procurarão se deslocar para lugares onde possam ter melhores condições de vida. Isso sempre será uma realidade inexorável da existência humana.

Então acho que está na hora da humanidade amadurecer, e tentar ver todas as pessoas, independente da latitude e longitude de onde nasceram, como essencialmente a mesma coisa: seres humanos. Enquanto isso não acontecer, conviveremos com a vergonha de nós mesmos. E se um dia isso vier a parar de acontecer, olharemos para os nossos antepassados como monstros pré-históricos. Que venha logo esse futuro.

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