A visão de Estado para alguns filósofos – Platão. #Filosofia Política

Com este texto inicio uma série que desejo escrever já há algum tempo, como alguns filósofos descrevem o Estado e como eles pensam ser a melhor forma do Estado existir ou não. Tentarei postar alguns textos por semana até o final, não conseguirei postar diariamente pois precisarei fazer muita pesquisa. A intenção destes textos será exclusivamente filosófica, pois atualmente muito se discute sobre Estado mas pouco se analisa o que foi pensado há milênios ou séculos atrás.

 
Fachada da Academia de Atenas com as estátuas de Platão (esquerda) e Sócrates (direita).Fonte



 

Em seu livro “A República” e no livro “Leis”, Platão nos diz o que pensa sobre o Estado e como “ele” deve agir. Muitos podem dizer que os escritos ali eram palavras de Sócrates, não se tem certeza do quanto daquilo Sócrates falou ou não, penso que se foi escrito por Platão, logo, ali contém sua visão.
 
O caminho inicial a ser seguido será o de encontrar um conceito universal de justiça, a partir de algumas opiniões dos envolvidos nos diálogos publicados. O conceito de bem também é amplamente explanado, pois para Platão o Estado deve ser justo e bom acima de qualquer coisa.
 
Como um bom idealista, cria seu conceito de Estado. Parte da dúvida de que se um Estado bom e justo seria possível, chegando a um modelo final e alegando que sim, é possível um Estado justo, mas para isso certos requisitos são necessários.
 
Antes de mais nada é necessário um contexto de moralidade entre os membros da Pólis, todos eles, cidadãos e governantes. Apenas a moralidade eleva o conceito de justiça para assim poder medir e conceituar a felicidade entre todos, ou seja, boas práticas morais são indispensáveis para levar os seres humanos à felicidade.
 
Mas para existirem essas práticas morais, precisa-se elevar o racionalismo na Pólis, pois apenas seres que fazem uso de sua razão podem deixar os instintos animais de lado e discernir o que é melhor para todos.
 
Vale ressaltar aqui que Platão almejava um Estado que deveria ser justo para todos os cidadãos e não apenas para a maioria. Ele era crítico da democracia, acreditava que de certa forma as pessoas poderiam ser manipuladas para decidir acerca da vontade dos outros. Dessa forma pequenos grupos poderiam tomar o poder mesmo em um Estado democrático, esses grupos seriam constituídos principalmente por pessoas com a melhor oratória, argumentação e poder financeiro. Chega a ser surreal, mas Platão dizia isso há 2500 anos aproximadamente.
 
Continuando, no Estado de felicidade plena de Platão, seria necessário que o governante fosse o mais sábio ou o que possuísse maior conhecimento, pois apenas um sábio teria um conceito apurado de moralidade, justiça e bondade. É então que se cria a teoria do “Rei Filósofo” e diz algo parecido com isso: enquanto os filósofos não forem governantes ou os governantes sejam verdadeiramente filósofos, enquanto não se fundir autoridade política e Filosofia, não existirá remédio que cure as mazelas cometidas pelo Estado aos seres humanos.
 
Sinceramente não acredito que ele queria ser o rei, talvez tenha usado de analogia para exaltar Sócrates que provavelmente já havia sido executado, ou talvez, realmente ele acreditasse nisso, levando em consideração que ele era um idealista, acredito que a segunda alternativa seja verdadeira.
 
Por fim mas não menos importante, na sua visão, o Estado é necessário pois a sociedade é constituída de “seres insuficientes”, ou seja, os seres humanos dependem dos outros pois possuem qualidades e aptidões diferentes. E justamente essa insuficiência que denota a necessidade de um Estado para suprir e coordenar essas diferenças baseado em um conjunto de convenções (leis) a serem seguidas por todos e, claro, o governante deve possuir conceitos elevados de justiça, moralidade e bondade, logo, o “Rei Filósofo”.




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